Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u714274.shtml
30/03/2010 - 19h16
Há relação entre paranoia e homossexualidade, diz Freud; leia trecho de coleção
A Livraria da Folha selecionou um pequeno trecho com palavras de Freud sobre a relação entre paranoia e homossexualidade. O tema até poderia ser relacionado ao ruído sobre homofobia no "Big Brother Brasil" ou à saída do armário do ex-Menudo.
Leia o trecho.
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Afirmava-se, na literatura psicanalítica, que o paranoico luta contra uma intensificação de suas tendências homossexuais, algo que remete, no fundo, a uma escolha narcísica de objeto. Sustentava-se também que o perseguidor, no fundo, é alguém que o indivíduo ama ou amou. Da junção dessas duas teses resulta que o perseguidor tem de ser do mesmo sexo que o perseguido. É certo que não vimos como universalmente válida e sem exceções a proposição de que a homossexualidade condiciona a paranóia, mas isso apenas porque nossas observações não eram suficientemente numerosas. Por outro lado, ela era uma dessas proposições que, devido a certas considerações, são significativas apenas quando podem reivindicar universalidade. Na literatura psiquiátrica não faltavam, sem dúvida, casos em que o doente se acreditava perseguido por parentes do outro sexo, mas ler esses casos não produzia a mesma impressão que ter um deles diante de si. O que eu e meus amigos pudéramos observar e analisar havia facilmente confirmado a relação da paranoia com a homossexualidade. E esse caso parecia dupunha resolutamente contra isso. A garota parecia rejeitar o amor a um homem, transformando o amado diretamente em perseguidor; não havia traço de influência de uma mulher, de revolta contra um vínculo homossexual.
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No mês de março a Companhia das Letras deu início à publicação das
"Obras Completas de Sigmund Freud". A edição é a primeira, no Brasil, traduzida diretamente do alemão e organizada na ordem cronológica em que apareceram originalmente os textos. As
"Obras Completas de Sigmund Freud"serão reunidas em 20 volumes, sendo 19 de textos e um de índices e bibliografia.
Os três primeiros lançamentos - volumes 10, 12 e 14 -, com tradução e coordenação editorial de Paulo César de Souza, abrangem os textos escritos entre 1911 e 1920, um período intermediário e de pleno desenvolvimento das concepções de Freud.
No segundo semestre de 2010 serão lançados mais dois, os volumes 16 e 18, contendo obras publicadas entre 1923-25 e 1930-36, respectivamente. A coleção prosseguirá com um ou dois volumes publicados por ano, a partir de 2011.
Estas
"Obras Completas de Sigmund Freud" não incluem os textos de neurologia, ou seja, não psicanalíticos, anteriores à criação da psicanálise. Afinal, o próprio autor decidiu deixá-los de fora quando foi feita a primeira edição alemã completa de suas obras.
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