O exemplo da Suécia
(um
país totalmente contaminado pela ideologia de gênero)
O Projeto de Lei
8035/2010, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio
2011-2020, trazia termos próprios da ideologia de gênero: “igualdade de
gênero e de orientação sexual”, “preconceito e discriminação por
orientação sexual ou identidade de gênero”. O Senado Federal, porém, em
dezembro de 2013, aprovou um substitutivo (PLC 103/2012) que eliminou toda essa
linguagem ideológica. De volta à Câmara, o projeto agora enfrenta a fúria dos
deputados do PT e seus aliados, que pretendem reintroduzir o “gênero” no PNE, a
fim de dar uma base legal à ideologia que o governo já vem ensinando nas
escolas. O relator Angelo Vanhoni (PT/PR) emitiu em 09/04/2014 um parecer pela
rejeição do inciso III do artigo 2º do Substitutivo do Senado Federal (sem
“gênero”) e pelo retorno, em seu lugar, do inciso III do artigo 2º do texto da
Câmara dos Deputados (com “gênero”).
Nem todos
compreendem a importância e a extensão do problema. A vitória da ideologia de
gênero significaria a permissão de toda perversão sexual (incluindo o incesto e
a pedofilia), a incriminação de qualquer oposição ao homossexualismo (crime de
“homofobia”), a perda do controle dos pais sobre a educação dos
filhos, a extinção da família e a transformação da sociedade em uma massa
informe, apta a ser dominada por regimes totalitários.
Alguns Bispos já
alertaram a população para o perigo: Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de
Janeiro (RJ)[1],
Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen (RS), Dom
Antônio Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife (PE), Dom Paulo Mendes
Peixoto, Arcebispo de Uberaba (MG), Dom José Benedito Simão, Bispo de Assis
(SP) e Dom Fernando Rifan, Bispo da Administração Apostólica São João Maria
Vianey.
Se quisermos,
porém, ver o que é um país dominado pela ideologia de gênero, basta olharmos
para a Suécia.
Pais
isolados das crianças
Os dados a seguir
foram extraídos de uma entrevista feita em 2011 pelo portal LifeSiteNews
a Jonas Himmelstrand[2],
um experiente educador sueco, autor do livro “Seguindo seu coração: na
utopia social da Suécia”[3],
publicado em 2007 e ainda pendente de tradução.
Na Suécia, as
crianças de um ano de idade são enviadas para as creches subsidiadas pelo
Estado, onde permanecem desde a manhã até o entardecer. Enquanto isso, os pais
ficam trabalhando fora do lar (a fim de arcarem com os elevados impostos
cobrados), inclusive a mãe, pois a ideologia de gênero impede a mulher de ficar
“trancada em casa e no fogão”, conforme uma expressão sueca. Num país de
aproximadamente 100.000 nascimentos anuais, as estatísticas mostram que das
crianças suecas entre 18 meses e 5 anos de idade, 92% estão nas creches.
“Você não é
forçado a fazer isso… propaganda é uma palavra forte”, diz Himmelstrand, “mas
as informações sobre os benefícios das creches” vindas dos meios de
comunicação e outras fontes “fazem os pais que mantêm seus filhos em casa
até os 3 ou 4 anos de idade se sentirem socialmente marginalizados”.
Segundo
Himmelstrand, “o problema central do modelo sueco é que ele está
financeiramente e culturalmente obrigando os pais e as mães a deixar nas
creches seus filhos a partir da idade de um ano, quer eles achem que isso é
certo ou não”.
Crianças
massificadas nas escolas
O currículo
nacional da Suécia procura combater os “estereótipos” de gênero, ou seja, os
“papéis” atribuídos pela sociedade a cada sexo. A escola “Egalia”[4],
do distrito de Sodermalm, em Estocolmo, evita o uso dos pronomes “ele” (han) ou
“ela” (hon) quando se dirige aos mais de trinta meninos e meninas que lá
estudam, com idade de um a seis anos. Em vez disso, usa-se a palavra
sexualmente neutra “hen”, um termo inventado que não existe em sueco, mas que é
amplamente usado por feministas e homossexuais. A escola contratou um “pedagogo
de gênero” para ajudar os professores a removerem todas as referências
masculinas ou femininas na linguagem e no comportamento. Os blocos Lego e
outros brinquedos de montar são mantidos próximos aos brinquedos de cozinha, a
fim de evitar que seja dada qualquer preferência a um “papel” sexual. Os
tradicionais livros infantis são substituídos por outros que tratam de duplas
homossexuais, mães solteiras, crianças adotadas e ensinam “novas maneiras de
brincar”. Jenny Johnsson, uma professora da escola, afirma: “a sociedade
espera que as meninas sejam femininas, delicadas e bonitas e que os meninos
sejam masculinos, duros e expansivos. Egalia lhes dá uma oportunidade
fantástica para que eles sejam qualquer coisa que queiram ser”.
“Educação
sexual”
Nas creches e
escolas, totalmente fora do controle dos pais, as crianças são submetidas a uma
“educação sexual”. Johan Lundell, secretário geral do grupo sueco pró-vida “Ja
till Livet” (Sim à vida) explica que se ensina às crianças que tudo que lhes
traz prazer é válido[5].
Os professores são orientados a perguntar aos alunos: “o que te excita?”.
Segundo Lundell, o homossexualismo foi tão amplamente aceito pelos suecos, que
“nos livros de educação sexual, eles não falam em alguém ser heterossexual
ou homossexual. Tais coisas não existem, pois para eles todos são bissexuais; é
apenas uma questão de escolha”.
Lundell cita uma
cartilha publicada por associações homossexuais e impressa com o auxílio
financeiro do Estado: “Eles escrevem de maneira positiva sobre todos os
tipos de sexualidade, qualquer tipo, mesmo os mais depravados atos sexuais, e
essa cartilha entra em todas as escolas”.
Perseguição
estatal
Na esteira da
ideologia de gênero, a Suécia aprovou uma lei de “crimes de ódio” que proíbe
críticas à conduta homossexual. Em julho de 2004, o pastor pentecostal Ake
Green foi condenado a um mês de prisão por ter feito um sermão qualificando o
homossexualismo como “um tumor canceroso anormal e horrível no corpo da
sociedade”[6].
Os pais são
proibidos de aplicar qualquer castigo físico aos filhos, mesmo os mais
moderados. Em 30 de novembro de 2010, um tribunal de um distrito da Suécia
condenou um casal a nove meses de prisão e ao pagamento de uma multa
equivalente a R$ 23.800,00. O motivo foi que os pais admitiram que batiam em
três de seus quatro filhos como parte normal de seus métodos de educação.
Embora os documentos apresentados não relatassem nenhum tipo de abuso e o
próprio tribunal admitisse que os pais “tinham um relacionamento de amor e
cuidado com seus filhos”, as crianças foram afastadas da família e enviadas
para um orfanato estatal[7].
Em junho de 2009, o
governo sueco tomou do casal Christer e Annie Johansson o seu filho Dominic
Johansson, depois que a família embarcou em um avião para se mudar para o país
de origem de Annie, a Índia. O motivo alegado é que o casal, em vez de enviar
seu filho para as escolas estatais, havia resolvido educá-lo em casa, uma
prática conhecida como “home scholling” (escola em casa), amplamente
praticada nos Estados Unidos e outros países, com excelentes resultados
pedagógicos. As autoridades suecas, porém, decidiram remover permanentemente
Dominic de seus pais, alegando que o ensino domiciliar não é um meio apropriado
para educar uma criança[8].
Aborto
Entre 2000 e 2010,
quando o resto da Europa estava dando sinais de uma redução da taxa anual de
abortos, o governo sueco divulgou que a taxa tinha aumentado de 30.980 para
37.693. A proporção de abortos repetitivos cresceu de 38,1% para 40,4%. – o
mais alto nível já atingido – enquanto o número de mulheres que tinha ao menos
quatro abortos prévios cresceu de 521 para aproximadamente 750. A Suécia é o
único país da Europa em que o aborto é permitido por simples pedido da gestante
até 18 semanas de gestação. Menores de idade podem fazer aborto sem o
consentimento dos pais e os médicos não têm direito à objeção de consciência[9].
Decadência
social
Segundo
Himmelstrand, tudo na Suécia dá sinais de decadência: adultos com problemas de
saúde relacionados com “stress”, jovens com declínio na saúde psicológica e nos
resultados escolares, grande número de pessoas com licença médica e a
incapacidade dos pais de se conectarem com seus filhos[10].
Para Lundell, a
Suécia quis criar um “socialismo de famílias” por meio de uma “engenharia
social”[11].
Os frutos são patentes: casamentos em baixa, divórcios em alta, a família
assediada e oprimida pelo totalitarismo estatal.
Convém olhar para o
exemplo sueco antes de se votar a reintrodução da ideologia de gênero no PNE. É
a própria família brasileira que está em perigo.
Anápolis, 21 de
abril de 2014
Pe. Luiz Carlos
Lodi da Cruz
Presidente do
Pró-Vida de Anápolis
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